FERROADA DE ARRAIA
Na recente enchente de 2012, dois amigos foram até o lago do Mamaurú,
maior lago de água doce do oeste do Pará, formado pela confluência do Curuçambá
e Rio-branquinho, cenário de intensa biodiversidade, onde se desenvolvem
inúmeras espécies, animais, vegetais, aves, répteis, anfíbios, etc. É uma
pitoresca região de lago de águas escuras e bela paisagem, há aproximadamente
12 km da cidade de Óbidos, caracterizada também por apresentar boa piscosidade,
onde as pessoas praticam pesca artesanal, e se deleitam com as delícias do
peixe fresquinho pescado e assado na hora.
Lá chegaram por volta de 10h da manhã, quando o sol já ia alto e as águas
escuras e frias, no degrau da escada da casa, convidavam para um mergulho refrescante.
Cuidadosamente, um dos amigos desceu os degraus de acesso à casa, de onde a
areia ao fundo era visível, por ser ainda raso para um bom mergulho. Um passo à
frente, e, sentiu apenas a folhagem e o passar suave de um peixe entre seus
dois pés, suficiente para subir rapidamente os degraus, e deparar com duas
pequenas furadas em ambos os pés por onde corria o sangue ao chão. Fora ferrado
de arraia e sentiu suas forças minguando em suas estruturas. Foi como se todas
as dores do mundo canalizassem para aqueles dois pequenos furos nos pés, por
onde fluía o sangue. Pensou na dor que uma mulher sente ao dar a luz a uma criança.
Não tem escolha, ou você suporta ou o moleque vem à luz, ao ponto de quase lhe
dar uma vertigem.
No fundo, a vida é mesmo assim, sentimos dor e alegria, mas somente quem
sente tem a exata noção do quão prazeroso ou doloroso é. É apenas mais um
sentimento, e sentimos sozinhos, embora jamais estamos sozinhos!
Paulo Pehaga.
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