terça-feira, 3 de julho de 2012

Mata-onça: Um personagem nada ecologico!

MATA-ONÇA: UM PERSONAGEM NADA ECOLÓGICO! Mata-onça é uma lenda viva do folclore obidense e suas estórias permeiam entre o fantástico e o imaginário. Uma delas ocorre durante sua juventude. Conta-se que por ocasião de seu casamento, seu pai lhe deu de presente um quinhão de terra onde deveria plantar e colher o sustento da família. Como a terra era de mata virgem, seguindo a tradição, precisava de algum dinheiro para comprar mantimentos para o puxirum do roçado. Durante um mês a fio trabalhou na diária em um terreno de um “padrinho seu”, e, ao final recebeu pelos dias de trabalho. Foi até a esposa e avisou que iria convidar a “turma” para o puxirum, e, em seguida iria até a cidade para a compra dos mantimentos. Assim fez! Ao chegar à cidade encontrou com velhos amigos que o convidaram para tomar “umazinha”. Resistiu! Conversa vai, conversa vem, o homem acabou por cair à tentação e meteu a cara na saca. Foi somente no domingo que passou a bebedeira, e, lembrou do que realmente viera fazer na cidade. Um tanto surpreso, enfiou as mãos nos bolsos, e, nada, nenhum dinheiro para as compras. Foi até um amigo, dono de mercearia, que lhe aviou café, açúcar e munição para caçar alguma coisa para o puxirum. Voltou de pau-de-arara, de passagem fiada, dizendo ao motorista que havia perdido o dinheiro, não sabia onde na cidade. À porta de casa desceu aos olhares curiosos da esposa que o esperava ansiosa. Deu a mesma desculpa, de que havia perdido o dinheiro. A mulher, uma santa, acreditou piamente.
Na manhã seguinte, mata-onça madrugou carregando cartucho, e, em vez de dez chumbos, colocou vinte e dois, para qualquer eventualidade! Quando o dia clareou, o pessoal começou a chegar para o puxirum, mas ele garantiu que podiam ir adiantando o serviço enquanto providenciaria alguma caça. O pessoal, meio desconfiado, partiu para o puxirum. Ele, foi à caça! Ao chegar ao riacho, silenciosamente, deparou com vários mutuns enfileirados, e, mais para o lado, um veado vermelho. Pensou rápido e decididamente, atirou dando um corropio na espingarda. O tiro chicoteou, acertando todas as inambus e o veado-vermelho. Perfeito! Estava garantida a comida do puxirum. Ao abrir os braços para agradecer a Deus, uma inambú lhe bateu em cheio no peito, ele a abraçou ,e, mais caça para o puxirum! Ao ajoelhar-se, para novamente agradecer a Deus, um jabuti, dos grandes, o olhava a seus pés! Retornou para casa com oito mutuns, um veado-vermelho, uma inambú, e, um jabuti. Assim, estava salvo o puxirum do roçado do noivo, Mata-onça! Paulo Pehagá.

Um comentário:

  1. Realmente o mata-onça tem estórias muito boas para a gente dar boas gargalhadas!

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